segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

EU ME CONHEÇO DE OUTROS CARNAVAIS

Já fui folião, fiz folia, dei muitas voltas no salão, brinquei na praia, fiquei recluso, trabalhei nas quatro noites no palco, viajei pra espairecer, fiz plantão pra cobrir os acontecimentos durante o carnaval. Ora na bagunça, ora no anonimato. Tenho experiência e vivência pra dizer: "dá um tempo, quero minha brincadeira e também meu retiro em meio ao silêncio do meu aconchego, com meus livros, filmes e nada mais!".
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Logo mais a Portela entra na avenida. Minha eterna namorada: fiel, só aparece uma vez ao ano, fantasiada assumida, com a verdadeira máscara, mostra seu enredo, não faz drama e seus componentes são avulsos, não são a prole. E se eu quiser desligá-la, basta teclar o botão. Existe melhor companheira que essa?
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Hoje pela manhã esbarrei com uma "apostila", pra ser mais justo, um vasto material de uma disciplina da Especialização. Apesar dos distantes 12 anos que me separam do curso, o conteúdo está mais atualizado do que nunca (ou sempre). Bateu vontade de retornar aos estudos. Academia, me aguente...
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(re)Li Umberto Eco. Antes do advento da internet, ele já comentava sobre sua aposta de que o livro convencional tão cedo não sairia das prateleiras. Simpático às novas tecnologias, o teórico/professor/comunicólogo/escritor italiano (e do mundo!) se pautava no charme e romantismo no paupável livro e crente de que os recentes formatos seriam bem-vindos e benquistos.
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Umberto Eco já estava a anos-luz quando provocou a academia e os acadêmicos quanto à aversão destes aos meios de comunicação de massa. Crítico dos críticos, ele lançou o desafio de que "se os meios de massa fazem mal à educação, lembro que o livro é também um meio como tal!". Silêncio geral! Mais um ponto de Eco. No trocadilho, ele ecoa sem limites.
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Deu vontade de dar o nome de minha cafeteria de "Apocalíticos e Integrados". Pode, Eco?
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Eu estive "perto" de Eco, indiretamente considerando. É que o jornalista e escritor catarinense por nascimento, paranaense por adoção, Manoel Carlos Karam, era colega do italiano. Trabalhei com Karam em 2004, numa revista sobre meio ambiente que "não saiu do lugar". Se a (des)estrutura da publicação foi pífia, valeu pelo contato e amizade com Karam (torcedor Coxa Branca infinitas vezes mais fanático do que eu), dono de uma invejável cultura e de uma simplicidade fora do comum. Lembro quando, em 2006, morando em Salvador, escrevi a ele contando que vi o então recente livro dele numa estante de uma livraria na Boa Terra. Karam se foi, no final de 2006!
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"Eu tenho saudades é do futuro", dizia Karam. Por isso, quem sabe, resolveu saber o que rolava no outro lado. Cansou daqui!
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A reunião profissional ficou para amanhã, com desdobramentos para "quando depois do carnaval passar". Perguntaram-me por que amanhã, se é feriado?
- Meu sócio e eu não temos calendário, somente agenda. Nós não temos relógio, mas tempo a ganhar.

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