LUCIANO DEMETRIUS
Sim, há público para estilos além do axé, forró (?),
arrocha, sertanejo e pagode em Luís Eduardo Magalhães. Fora pequenos eventos
realizados por grupos musicais da cidade, o show do Jota Quest no Avenida
Quatro Estações na noite de 20 de setembro (ou na madrugada de sábado, dia 21)
comprovou que o pop-rock tem vez em LEM. Apesar do público aparentemente não se
equiparar ao que compareceu aos eventos “comuns” na região, a receptividade e o
comportamento da plateia ilustraram um cenário favorável ao estilo musical em
Luís Eduardo Magalhães.
É certo, porém, que alguns vícios ainda predominem e
engessem o bom senso. É o caso da falta de agenda para as entrevistas
coletivas, ao passo que os promotores dos eventos priorizem um tempo para que
as tietes e os “parceiros” (?) posem para fotos ao lado dos artistas e
belisquem autógrafos de seus ídolos. Nisso, falta maturidade. Outra mania é a
de misturar show de rock com atrações nada compatíveis com o ritmo. Quem abriu
a apresentação de Jota Quest foi a banda Cangaia de Jegue (intitulada “forró
universitário”, abusou de pagodes e de sucessos tirados do fundo do baú do
axé). Ninguém segura mais o tchan!
Eram exatas 2h17 e Rogério Flausino e sua trupe subiram ao
palco e puxaram “Na Moral”. Conquistaram a plateia, que cantou junto com a
banda que há menos de uma semana havia sido uma das atrações do palco principal
do Rock in Rio. Em seguida, “Além do Horizonte” que evidentemente fez o público
acima dos 40 anos lembrar-se do sucesso de Roberto Carlos e “entrar no clima”.
O repertório não fugiu à regra do rol de canções comerciais
da banda (na dúvida, melhor não arriscar com novas canções ainda desconhecidas
do público, principalmente quando ele é a incógnita). Certeira, a banda emendou
“Encontrar Alguém”, “Mais Uma Vez”, “Já foi”, “Dias Melhores”. Pausa para
conversar com o público e para arremessar a palheta da guitarra ao público.
“Sempre assim” continuou a festa, seguida por “Só Hoje” (uma
das mais cantadas pelo público). Assim que Flausino se distraiu, uma fã subiu
ao palco para tentar beijá-lo. O cenário era previsível: os seguranças
contiveram a jovem a tempo e a conduziram para os bastidores. O vocalista e
líder da Jota Quest rapidamente comentou que em outubro será lançado o novo
disco (“Funk, funk, Boom Boom”) e comentou a experiência no Rock in Rio. E
cantou “Mandou Bem”, a única inédita da noite.
Ao anunciar “Tempos Modernos”, enalteceu o colega Lulu
Santos para seguir com “O Sol”, “De Volta ao Planeta dos Macacos” e encerrar o
show às 3h26. O tradicional bis teve “Amor Maior” e “Dias Melhores”, entremeadas pelo
comentário “particularmente, amo o povo da Bahia” (quem sabe, para se redimir
da polêmica de seus comentários a respeito do povo baiano que disseminou pela
internet”). Nem precisava, o show já havia aparado as arestas. “Fácil” e “Do
Seu Lado” completaram a noite, às 3h47. Enquanto a banda reuniu-se, de mãos
dadas, para agradecer ao público, o sistema de som tocava “Diversão”, dos
Titãs. Dias melhores virão para outros (bons) estilos musicais em Luís Eduardo
Magalhães.
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